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Sensação de proteção no banco de trás, sem cinto, é falsa, diz especialista



IBGE aponta que apenas 50,2% sempre usam cinto nos assentos de trás.
Airbag é equipamento de segurança auxiliar.


Por Luciana de Oliveira e Rafael Miotto
Para G1, São Paulo



Andar no banco de trás de um carro sem cinto de segurança é um hábito de mais da metade dos brasileiros, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada no início do mês. Para especialistas, a culpa é da falsa sensação que as pessoas têm de que, estando no banco traseiro, serão protegidas pelos bancos da frente e não correm risco de serem arremassadas do carro, no caso de uma batida.nas 50,2% sempre usam cinto nos assentos de trás.
Airbag é equipamento de segurança auxiliar.

Há ainda sistemas que ajudam a prevenir acidentes, além do ABS, que evita o travamento das rodas e também é exigido por lei desde 2014: distribuição eletrônica da força de frenagem, assistente de frenagem de emergência e em curvas, controle de estabilidade e de tração, entre outros itens.


Só airbag não basta


Especialistas ouvidos pelo 
G1
 dizem que todos esses sistemas não se sobrepõem ao uso do cinto de segurança, inclusive no banco de trás. "O airbag é um equipamento de segurança suplementar", alerta Alessandro Rubio, coordenador técnico do Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi). "Inclusive, ele também é conhecido pela sigla SRS, que significa, em inglês, 'Supplemental Restraint System", lembra ele.

Cabe ao cinto evitar que uma pessoa seja arremessada do carro ou bata em partes do veículo ou mesmo o choque de um passageiro contra o outro. Mas, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2013, divulgada no início deste mês, apenas 50,2% das pessoas dizem usar sempre o cinto de segurnaça no banco de trás.


Peso de um elefante


Por que, afinal, as pessoas resistem a usar o cinto no banco traseiro? Para Rubio, existe uma falsa segurança de que elas estariam protegidas, em caso de colisão, pelos bancos da frente. "Mas o o banco (da frente) é projetado para a força do cinto e do ocupante", afirma Marcus Vinicius Aguiar, diretor de Segurança e Qualidade do Produto da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA). "Numa colisão, o peso da pessoa do banco de trás pode causar graves ferimentos nos ocupantes do banco da frente."

O Cesvi explica que, na colisão, o passageiro do banco de trás, sen cinto, pode ser arremessado sobre o motorista e o carona com uma força 50 vezes maior do que o seu peso, chegando a ser comparável ao de um elefante ou um hipopótamo.

Além disso, ressalta Aguiar, sem o cinto, o ocupante é como um objeto solto dentro do carro. "Ela vai bater em tudo quando é parte. Mesmo o choque de um passageiro com outro já pode levar a óbito", explica.


Falta de fiscalização

"Infelizmente, são dezenas de pessoas que morrem pelo Brasil todo dia pela falta do uso do cinto de segurança, especialmente nos assentos traseiros”, afirma José Aurélio Ramalho, diretor-presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV).

O não uso do cinto no banco de trás também é passível de multa e pontuação na carteira de habilitação, mas, segundo o especialista em segurança no trânsito, existe maior dificuldade das autoridades de fiscalizar o uso do cinto nos assentos traseiros, fazendo as pessoas não se preocuparem. “As pessoas acreditam que o carro é uma armadura e existe a falta da percepção de risco, provocando a negligência”, explica.


Ganhador do prêmio Nobel morreu por falta do cinto 

O matemático John Forbes Nash Jr, de 86 anos, que inspirou o filme "Uma mente brilhante", morreu em um acidente de carro em maio passado. Ele a esposa estavam no banco traseiro e não utilizavam o cinto de segurança.

“Um exemplo recente e contundente foi da morte do Nobel de Economia (1994), o matemático John Nash e da sua mulher Alícia em New Jersey, nos Estados Unidos. O casal estava num táxi, no banco traseiro, sem o cinto, quando sofreu um acidente. O taxista e o motorista do outro veículo envolvido no acidente se salvaram”, comenta Ramalho.